sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Aula 4: Planejar – esquema de redação para concurso, do tipo dissertativo-argumentativa.

J Difícil escrever bem se não há um roteiro. Ele determina a estrutura e o conteúdo do texto e, sem ele, sua redação corre o risco de virar uma embolada sem sentido ou uma discussão que não sai do lugar.

Veja um exemplo de planejamento:

TEMA: A cobertura de casos violentos pela mídia televisiva.

PALAVRAS-CHAVE: televisão e violência. (assunto)

TESE ou PRESSUPOSTO: A televisão banaliza a violência ao transmitir casos de maneira sensacionalista e irresponsável.

ARGUMENTO 1:

Idéia principal: Expor casos violentos como se fossem histórias de ficção policial, com excesso de técnicas narrativas, é fazê-lo de maneira sensacionalista, tornando a violência um espetáculo público. (tópico frasal)

Idéias secundárias: Exemplos como o programa de TV Linha Direta. Casos como o assassinato da adolescente Eloá Pimentel e o seqüestro do Ônibus 174. Potencialização do comportamento agressivo do público, que vê o malfeitor como uma espécie de astro de um seriado policial.

ARGUMENTO 2:

Idéia principal: A mídia televisiva também erra ao colocar-se como júri, acusando ou defendendo suspeitos de modo precipitado e irresponsável. (tópico frasal)

Idéias secundárias: Caso da Escola Base. Os veículos de comunicação social têm plena liberdade de informação jornalística, porém, ao julgar acusados como culpados ou inocentes, a TV ultrapassa limites e mostra-se antiética.

CONCLUSÃO: As emissoras de TV devem ser testemunhas da violência real que ameaça a todos nós, porém de maneira ética e comprometida, respeitando os direitos humanos.

J Elaborado o planejamento, você já tem um bom esqueleto da redação! Mas lembre-se: isso é um planejamento e, como tal, pode ser modificado de acordo com suas necessidades e seus objetivos.

O direcionamento do tema é sempre produto de uma escolha. Pense de antemão que caminho você pretende tomar, para onde quer conduzir sua argumentação. Para isso, é preciso ter uma posição definida em relação ao assunto, criar uma tese (ou pressuposto) a partir da qual você vai encaminhá-lo, a fim de deixar bem claro seu ponto de vista.

Um bom planejamento é fundamental para a produção de um texto eficiente! Por isso, treine! Tenha idéias antes de escrever. Pensar vem sempre antes de escrever.

Determinação da tese

Encontre as palavras-chave do tema: qual é o assunto abordado? Formule mentalmente um pensamento sobre o assunto antes de começar o trabalho de redação propriamente dito. Esse pensamento chegará a partir das análises que você fará da realidade que o cerca, dos seus valores, do modo como enxerga e relaciona os fatos, do seu conhecimento de mundo. Sendo assim, escrever uma tese eficiente só dependerá de você.

A tese tem que ser expressa com clareza e dar margem a questionamentos. Ela é uma espécie de “idéia fixa” que o acompanhará do princípio ao fim do texto. Se você parte de uma tese fraca, que não suscite questões, sua redação dificilmente terá qualidade.

Detecção de argumentos

Pergunte por quê? ou como? à sua tese. As respostas serão seus argumentos, e cada uma delas servirá de base para a construção dos parágrafos.

Nossa capacidade de convencer o leitor depende da ordenação e da força de nossos argumentos. As melhores idéias se perdem se usarmos argumentos fracos ou se não soubermos ligá-los. O encaminhamento do texto, fundado nos argumentos, revela ao mesmo tempo nossa capacidade de criação, avaliação e crítica. Nosso discurso deve passar ao leitor determinados questionamentos, observações e conclusões sobre o tema.

Sustentação de argumentos

1. Argumentos de valor universal: aqueles que dão pouca ou nenhuma margem à refutação. Por exemplo: Sem resolver os problemas da família não se resolvem os das crianças de rua. Evite afirmações baseadas em emoções, sentimentos, preconceitos, crenças (especialmente as religiosas), porque são argumentos muito pessoais. Podem convencer algumas pessoas, mas não todas.

2. Dados colhidos na realidade: as informações têm de ser exatas e de conhecimento geral. Tornam-se mais confiáveis quando você expõe a fonte. Por exemplo: De acordo com pesquisas do IBGE, (...); Foi recentemente matéria de capa da revista Veja um caso (...).

3. Citações de autoridades: Ler revistas e jornais ajuda muito. Lembre-se: o povo não é autoridade! Então, só use ditados populares se tiver experiência na escrita e souber bem como fazê-lo. Ditados populares não servem como argumento! Tenha cuidado também com a confusão entre autores de frases célebres. Se há dúvida sobre o autor, prefira algo do tipo: “Só sei que nada sei” — nos ensina a antiga máxima filosófica.

4. Exemplos e ilustrações: Recorra a exemplos conhecidos, a fatos que ilustrem.

Exemplo de esquema (I)

Veja o processo de construção de um planejamento:

TEMA: A imprensa e a denúncia dos casos de corrupção.

PALAVRAS-CHAVE: imprensa e corrupção.

Pensando sobre o tema, lembramos os noticiários dos jornais, da TV e do rádio sobre corrupção. Após muito refletir, chegamos à conclusão de que não estava havendo muita seriedade por parte da imprensa em suas denúncias, pois nem todas eram comprovadas. Muitas pareciam brincadeira porque, com o tempo, ninguém era capaz de trazer provas concretas que incriminassem as pessoas envolvidas. A partir daí, chegamos a uma tese:

TESE: A imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos de corrupção.

Façamos a pergunta à tese:

Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos de corrupção?

As respostas serão os argumentos:

Porque...

ARG. 1: A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores.

ARG. 2: A sociedade precisa ter acesso a fatos que convençam.

ARG. 3: A corrupção não pode tornar-se mais uma distração para os brasileiros.

Com uma conjunção conclusiva após cada um dos argumentos, retomamos no parágrafo conclusivo o que dissemos no inicial, amarrando o texto.

Por isso...

CONCLUSÃO: A imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de provas.

J Nesse esquema, nada está fora do lugar, pois todas as suas partes ordenam-se com perfeição. Os argumentos convencem e a conclusão a que chegamos está bem ajustada a eles. Esse esquema pode ser estendido à construção argumentativa de qualquer texto. O que pode variar é o número de argumentos.

Exemplo de esquema (II)

TEMA: A miséria.

TESE: É constrangedora a convivência com a miséria.

ARGUMENTO: Ninguém em sã consciência gosta de ver seus semelhantes vivendo precariamente.

CONCLUSÃO: A sociedade deve ser menos passiva diante da miséria.

PRESSUPOSTO


ARGUMENTO 1 + ARGUMENTO 2 + ARGUMENTO 3


CONCLUSÃO

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